A mini série tem como anfitrião o ator nomeado pela academia Will Smith (‘Em Busca da Felicidade’, ‘Ali’, ‘Eu Sou Lenda’, ‘Homens de Negro’), que nos vai mostrar uma nova perspetiva sobre o planeta azul e os maravilhosos seres que nele habitam. Disponível na Netflix.
Conta ainda com a participação de oito astronautas da Estação Espacial Internacional, que nos convidam a conhecer a nossa “rocha estranha” e infinitamente bela numa emocionante jornada pelos processos cósmicos que permitiram que a vida surgisse, sobrevivesse e prosperasse neste pequeno e vulnerável pedaço de universo ao qual chamamos casa.
Visualmente deslumbrante, a série documental mostra uma nova perspetiva sobre o planeta azul e os maravilhosos seres que nele habitam, e confronta-nos com as forças incontroláveis que se entrelaçam à nossa volta, ou com a responsabilidade que todos possuímos de entender o quão irrevogavelmente interligados estamos.
Ao longo dos 47 minutos de “Lufada”, o primeiro episódio de “One Strange Rock”, ouvimos sobre a vez em que o astronauta canadiano Chris Hadfield ficou cego durante um passeio espacial, e somos levados logo de seguida para as deslumbrantes paisagens da Etiópia, Peru e do Ártico, passando por uma cerimónia na Tailândia e subindo ao topo do Observatório da Amazónia.
A história de como a Terra cria e regula a sua atmosfera rica em oxigénio é incrível: um rio voador, uma tempestade de pó global, um glaciar a colapsar e a criatura mais importante que nunca ouviu falar. Tudo ligado para permitir que a vida e o planeta respirem.
Cordilheiras, vales, vulcões, geleiras. Mais de 8 milhões de espécies animais e vegetais vivendo sobre a terra e sob as águas. Outras milhões de espécies microscópicas que não poderiam ser conhecidas sem a engenhosidade da tecnologia criada por uma única espécie.
Convenhamos, o nosso planeta é o lugar mais estranho do universo conhecido. E é sobre a singularidade desse gigantesco objeto que habitamos que trata a nova produção da National Geographic, One Strange Rock.
Narrada por Will Smith, a série do diretor Darren Aronofsky (Cisne Negro e Mãe!) conta com dez episódios sobre a formação da Terra.
Napoleão Bonaparte
nasceu em 15 de agosto de 1769 em Córsega – região da França. Filho com
ascendência da nobreza Itália, logo aos 15 anos matriculou-se na Escola Militar
de Paris. Depois, aos 19 anos, o rapaz indisciplinada e desordeiro, forma-se em
oficial de artilharia.
Quando inicia a Revolução Francesa, o segundo tenente do
regimento de artilharia alia-se ao lado dos jacobinos. Após pouco tempo, Napoleão vai
ser promovido para tenente-coronel para liderar e comandar um batalhão de
voluntários.
A sua estratégia foi muito eficiente, sendo que
fora reconhecido rapidamente e isso fez com que sua carreira explodisse
rapidamente. Isso o tornou uma pessoa muito respeitável em seu meio.
A
motivação que ele dava aos seus comandados era enorme. Essa sua atuação fez com
que o seu exército se tornasse um dos mais fortes da Europa.
Quando a liderança de Robespierre cai, Napoleão Bonaparte
também é detido sob acusação de ser um jacobino revolucionário. No entanto,
após os agentes perceberem o seu excelente nível técnico, ele foi convidado
para algumas investidas contra alguns países.
EXPEDIÇÕES
As suas investidas
na Itália foram muito vitoriosas. Ele trouxe aos franceses o espírito vencedor
que até então não se tinha. As suas ações insistiam na derrota militar do
adversário e já que a França estava vivendo um período de crise, ele
possibilitava que os seus comandados pudessem saquear e roubar todos os lugares
que passavam.
Essa estratégia
motivou ainda mais o seu exército. Isso fez com que ele se tornasse um dos
comandantes mais bem-sucedidos da Europa. Além disso, sua juventude e
capacidade impressionavam as autoridades francesas da época. Tudo conspirava
para uma comoção nacional de que Napoleão Bonaparte era o francês
ideal para dirigir o país.
Após as sucessivas
vitórias na Itália, Napoleão liderou uma campanha no Egito a fim de
tirar as tropas inglesas do caminho que levava até as Índias Orientais.
Sua “excursão” até o
país africano constituiu em alguns avanços científicos. Pois ele levou consigo
alguns cientistas importantes da época, como: o astrônomo Laplace, o químico
Bertholet, o físico Monge e o arqueólogo Denon.
Uma das descobertas
mais importantes foi a da pedra de Rosetta. Nesse pedaço de basalto negro,
havia escritos em três línguas diferentes: hieroglífica, demótica e grega. Esta
que datava de 196 A.C.
Tal artefato
possibilitou que os franceses conseguissem desvendar a escrita hieroglífica,
visto que já se tinha conhecimento da grega e também da demótica.
Essas expedições bem
sucedidas de Napoleão, conjuntamente com o clima de insatisfação e medo na
França tudo por causa da radicalidade dos jacobinos e dos ideais monarquistas,
possibilitaram que a população visse em Napoleão, certo “porto seguro”.
ERA
NAPOLEÔNICA
A Era Napoleônica é dividia em três fases:
Consulado (1799-1804); Império (1804-1815); Governo dos Cem Dias (1815).
CONSULADO (1799-1804)
Tendo o apoio dos Girondinos, Napoleão Bonaparte,
derruba o governo do diretório e inicia a primeira fase de seu governo. As suas
características eram o republicanismo, o poder centralizado e dominado por
militares.
A alta burguesia estava no centro do poder,
sendo que esta era a classe dirigente em apoio a Napoleão Bonaparte.
IMPÉRIO (1804-1815)
Sua aprovação política fez com que Napoleão fosse
coroado Imperador. Em 1804, após aprovação em um plebiscito, os franceses
aprovam o poder monárquico sendo Napoleão o seu líder.
Os avanços por toda a Europa
tomaram conta do seu governo. Submeteu muitos países ao seu comando. Tudo numa
visão despótica e altamente militar.
Exerceu um forte bloqueio
continental contra os ingleses, tudo a fim de ruir a economia britânica, seu
adversário favorito.
Promoveu a fuga da família real para o Brasil. Numa
atitude astuta, o Rei. D. João VI veio para a sua colônia com medo de ser morto
ou submetido aos comandos dos franceses.
O início da derrota se dá com a
perda de algumas batalhas para os russos. Com a estratégia de queimar os locais
de batalhas, os defensores – russos – conseguiram inibir a ofensiva francesa.
Fazendo com que Napoleão saísse
derrotado.
As batalhas contra o seu domínio
são reerguidas novamente. Com isso, Napoleão Bonaparte é obrigado a
abdicar do trono e se exilar.
Após algum tempo, Napoleão volta para
a França, e retoma o poder. Denominando assim: Governo dos Cem Dias.
GOVERNO DOS CEM DIAS (1814)
Dessa vez, Napoleão promove
uma constituição baseada no liberalismo. Isso gera a ira dos republicanos. No
entanto, a sua campanha em Warteloo é desastrosa e ele sai derrotado, sendo
obrigado a abdicar do poder mais uma vez. Tendo fim então, a era napoleônica.
O resto da sua vida foi passado na
Ilha de Santa Helena, na costa da África. Conjuntamente com alguns seguidores
ele habitou até a sua morte em 5 de maio de 1821 aos 51 anos.
A Reforma foi um movimento europeu de criação de novas igrejas e credos religiosos, em oposição aos dogmas católicos.
Já a Contrarreforma foi a resposta da Igreja Católica contra estes movimentos, que ameaçavam diminuir seu número de fiéis, sua influência política e, principalmente, sua riqueza.
Em cada país, a disputa entre Reforma e Contrarreforma aconteceu de forma diferente e em algumas regiões, como em Roma, sede da Igreja Católica Apostólica, sequer houve um movimento importante de Reforma.
Enquanto em lugares como Inglaterra, Suíça, e, principalmente, no Sacro Império Romano-Germânico (a Alemanha como conhecemos hoje, não existia ainda), tivemos os principais movimentos reformistas.
Sendo assim, precisamos separar os acontecimentos nestas três regiões, para que tudo fique claro sobre as principais reformas religiosas.
Quais as causas que levaram a essa reforma ?
Os primeiros pontos que precisamos destacar são os motivos para que tantos religiosos europeus quisessem reformar a Igreja, porque é isso que explica o que foi a Reforma Protestante.
Por volta do século XV (anos 1400), com o desenvolvimento das grandes navegações e o renascimento comercial, começou a se estabelecer uma nova classe social, que enriquecia nestas novas atividades.
Esta classe, chamada de burguesia, incluía banqueiros e grandes comerciantes. Ao enriquecer, se colocavam contra a Igreja Católica por alguns motivos principais:
Pecado da usura: para o catolicismo, o enriquecimento era pecado, mas a própria Igreja possuía terras e, principalmente, enriquecia cobrando indulgências (doações como forma de se redimir dos pecados).
O crescimento do pensamento científico: conforme o conhecimento científico se desenvolvia, as sociedades europeias passavam a discutir os fundamentos da própria fé, procurando novas formas de se relacionar com a ideia de Deus.
A influência política da Igreja Católica: o catolicismo dominou a Europa durante toda a Idade Média, tendo muita influência sobre a organização política e social das nações. As reformas religiosas pretendiam alterar este quadro.
Por outro lado, cada um dos Estados principais teve particularidades em seu movimento de reforma. Vejamos quais foram.
Quem foi Martinho Lutero ?
Nascido em 10 de novembro de 1483, na cidade alemã de Eisleben, Martinho Lutero era filho de camponeses católicos. Muito comum na época, passou por uma infância de disciplina rígida, aprendendo a rezar para santos e reverenciar a figura do Papa e da Igreja.
Quando tinha 22 anos, Lutero quase foi atingido por um raio. Rezou e prometeu que se saísse vivo da situação dedicaria o resto de sua vida à igreja. Como sobreviveu, tornou-se um monge. Estudou Direito, Artes, Línguas, Teologia e Filosofia na Universidade de Erfurt.
Tornou-se um sacerdote no Convento dos Eremitas Agostinianos e Erfurt, já no ano de 1507, logo após o incidente com a tempestade de raios. Suas ideias questionadoras e polêmicas, além de sua doutrina de “salvação pela fé”, fizeram Lutero ser excomungado da Igreja no ano de 1521.
Como professor de Filosofia, lecionou na Universidade de Wittenberg. Em 1525 casou-se com a monja Katharina Von Bora, tendo seis filhos como fruto da relação. Lutero faleceu em Eisleben, sua cidade natal, em 18 de fevereiro de 1546. Na época, com 63 anos, foi vítima de um derrame cerebral.
A doutrina luterana de salvação pela fé foi taxada de desafiadora pela Igreja Católica, pois abordava temas que deveriam se restringir apenas ao papado. Entretanto, suas ideias foram largamente espalhadas, sendo levadas adiante até a criação das primeiras igrejas luteranas, décadas depois.
Apesar das consequências de seus questionamentos, a ideia inicial de Lutero nunca foi dividir os cristãos. Entretanto, após a publicação das 95 teses, essa divisão foi inevitável. Buscando o livre acesso às Escrituras que, até o momento, só existiam em latim, Lutero traduziu a Bíblia para o alemão, popularizando e liberando um conhecimento que se restringia apenas ao clero.
Com o crescente número de leitores da Bíblia, a quantidade de seguidores de Lutero aumentou consideravelmente, sendo que vários radicais ganharam espaço. Dessa forma, Lutero precisou até mesmo ser protegido durante 25 anos de sua vida.
Foi o responsável pela criação e organização de diversas comunidades evangélicas, percebendo então que seu pensamento conduziu à divisão entre católicos e protestantes que existe até os dias de hoje.
As 95 teses de Lutero
As 95 Teses de Martinho Lutero constituíam um documento que Lutero afixou na porta da igreja de Wittemberg, no dia 31 de outubro de 1517. Este foi o marco inicial do que conhecemos hoje como a Reforma Protestante.
Lutero questionava o abuso de autoridade do Papa e apresentava várias críticas à Igreja Católica. Propunha, entre diversas outras demandas, a revisão das ações da Igreja, principalmente no que dizia respeito ao comércio de Indulgências.
Martinho Lutero foi uma figura importantíssima para a organização cultural e religiosa que experimentamos até os dias de hoje. Seus questionamentos à Igreja Católica mudaram não apenas a maneira como as pessoas enxergavam a fé cristã, mas foram as bases para a criação e o desenvolvimento de diversas outras vertentes do cristianismo, mudando os rumos da História.
Nelson Mandela, um dos símbolos dos direitos humanos mais reconhecidos do século XX, é um homem cuja dedicação às liberdades do seu povo inspira os Defensores dos Direitos Humanos de todo o mundo. Nascido em Transkei, África do Sul, Mandela era filho de um chefe tribal, e obteve uma educação universitária com uma licenciatura em direito. Em 1944 tornou–se membro do Congresso Nacional Africano (CNA) e trabalhou activamente para abolir as políticas do apartheid do Partido Nacional no poder. Ao ser julgado pelas suas ações, Mandela declarou: “Lutei contra a dominação branca e lutei contra a dominação negra. Tenho cultivado o ideal de uma sociedade livre e democrática na qual todas as pessoas vivem juntas em harmonia e com oportunidades iguais. É um ideal que eu espero viver e alcançar. Mas se for preciso, é um ideal pelo qual estou preparado para morrer.”
Sentenciado a prisão perpétua, Mandela converteu–se num poderoso símbolo da resistência para o crescente movimento de antiapartheid, negando–se repetidamente a comprometer a sua posição política para conseguir a liberdade. Finalmente libertado em Fevereiro de 1990, ele intensificou a sua batalha contra a opressão para atingir os objectivos que ele e outros se propuseram alcançar quase quatro décadas antes. Em Maio de 1994 Mandela começou o seu mandato como primeiro presidente negro da África do Sul, um cargo que deteve até 1999. Presidiu à transição do governo de minorias e apartheid, tendo conquistado o respeito internacional pela sua defesa da reconciliação nacional e internacional. Uma celebração internacional da sua vida e nova dedicação às suas metas de liberdade e igualdade foi realizada em 2008 no seu nonagésimo aniversário.
“Se você fala a um homem numa língua que ele compreende, isso vai para a sua cabeça. Se lhe fala na língua dele, isso vai ao seu coração.” Nelson Mandela
Desde 2009, o dia 18 de julho é oficialmente considerado pela Organização das Nações Unidas (ONU) o Dia Internacional de Nelson Mandela. Em homenagem aos 67 anos que Mandela dedicou à luta contra injustiças, discriminação e desigualdade, a ONU sugere que as pessoas passem 67 minutos do dia de hoje fazendo algo bom para os outros.
A seguir, veja alguns fatos sobre ele e se inspire em sua trajetória.
1. Seu nome de batismo, Rolihlahla, significa “puxar o galho de uma árvore” ou, informalmente, “criador de caso”. Ele passou a ser chamado de Nelson na escola, quando a maioria das crianças recebiam nomes ingleses para que os colonizadores brancos pudessem pronunciá-los. Posteriormente, também seria chamado de Madiba (nome de seu clã) ou Tata (que significa 'pai')
2. Ele foi o primeiro em sua família a receber educação formal, pois naquela época pouquíssimas crianças negras frequentavam escolas na África do sul.
3. Mandela estudou Direito na Universidade de Witwatersrand em Joanesburgo e foi o primeiro negro a abrir uma firma de advocacia na cidade, em 1952.
4. De 1962 a 1990, ficou preso por seu envolvimento com o movimento de liberação do partido Congresso Nacional Africano (CNA). Ele foi condenado à prisão perpétua por traição e conspiração contra o governo, mas foi solto quando o CNA se tornou legal novamente.
5. Na prisão, virou um símbolo da luta contra o Apartheid, regime de segregação racial que durou de 1948 a 1994 na África do Sul. Mandela mostrou a importância de se trabalhar junto, não importa a posição política ou racial, para construir uma democracia.
6. Em 1994, foi o primeiro presidente negro da África do Sul, eleito na primeira eleição de fato representativa. Ele ficou no cargo por cinco anos, tempo estipulado do mandato presidencial.
7. Ele recebeu o Nobel da Paz em 1993 junto com Frederik Willem de Klerk, último presidente branco da África do Sul e seu antecessor no cargo, por “seus trabalhos para terminar o regime do Apartheid de forma pacífica e por darem início a uma nova e democrática África do Sul”.
8. Depois de se aposentar da política, ele abriu a Fundação Nelson Mandela, cujo foco é combater o HIV/Aids e dar apoio ao desenvolvimento rural e educacional.
9. Em 2005, aos 86 anos e um ano depois de anunciar que iria se retirar da vida pública, ele voltou a fazer um discurso para mais de 20 mil pessoas em Londres na campanha “Make Poverty History”. “Como vocês sabem, eu recentemente formalmente anunciei minha aposentadoria da vida pública e realmente não deveria estar aqui”, brincou. “No entanto, enquanto pobreza, injustiça e grandes desigualdades persistirem no mundo, ninguém pode descansar de verdade.”
Corações de Ferro se passa perto do final da Segunda Guerra Mundial, em abril de 1945. Enquanto os aliados se empenham em seus últimos esforços para acabar com a guerra na Europa, o sargento do exército Don ‘Wardaddy’ Collier (Brad Pitt) comanda um tanque e sua tripulação de quatro homens (Shia LaBeouf, Michael Peña, Jon Bernthal e Logan Lerman) em uma missão em meio às linhas inimigas. Em menor número e com poucos suprimentos, Don e seus homens atravessam o campo de batalha na tentativa de atacar o coração da Alemanha nazista, esperando que seus esforços contribuam para o fim definitivo da guerra.
O Filmes esta disponível no catalogo da Netflix.
(Fury) – Guerra. Reino Unido, 2014.
De David Ayer. Com Brad Pitt, Shia LaBeouf, Michael Peña, Jon Bernthal e Logan Lerman. 134min
Atenção Caro aluno a resenha abaixo contém spoilers
CORAÇÕES DE FERRO – RESENHA
A indústria do cinema sempre teve grande paixão por filmes sobre a Segunda Guerra Mundial, contemplando nas telas as lutas que definiram as vidas de seus antepassados, sob uma visão de otimismo que expressa a prosperidade que se criou no cenário norte-americano após o fim da guerra. Não importa quão brutal tenha sido a Segunda Guerra, o cinema normalmente a retrata pela ótica da “boa luta” travada por uma geração que definiu os rumos geopolíticos da sociedade. Uma visão meio romântica da guerra.
Esse mundo de romantismo heroico, contudo, mudou muito ao longo das últimas décadas. Hoje vivemos em um mundo que lida com seus próprios males, com guerras que eclodem por toda sorte de motivos, em todos os campos de batalha do planeta, indo desde guerras contra o terror até guerras civis contra ditadores ou o narcotráfico. A guerra, antes vista com certo distanciamento, como algo impensável, agora está nas manchetes de sites e jornais. Curiosamente, os filmes sobre a Segunda Guerra Mundial também parecem estar mudando. Não olhamos mais para o mundo com romantismo; a realidade parece mais crua e isso parece estar tornando nosso olhar mais duro e pessimista.
David Ayer é um dos cineastas que mais tem abraçado esse olhar. Mesmo quando ele destila alguns resquícios de otimismo em seus filmes — Tempos de Violência, Reis da Rua, Marcados Para Morrer —, ele o faz sob as distorções de sua ótica crua e pessimista. Uma crueza que às vezes se revela crueldade, e às vezes é apenas a pura realidade. Por causa dessa visão, Corações de Ferro é um filme sobre a Segunda Guerra diferente dos filmes de Segunda Guerra que temos visto nos últimos anos. Esse é um filme que incorpora o ponto de vista do século XXI ao romantismo heroico, nos apresentando ao que certamente foi o verdadeiro horror da guerra para aqueles que lutaram nela.
E para tornar a sensação ainda mais angustiante, a história acontece no coração da Alemanha, em abril de 1945, apenas algumas semanas antes do fim da guerra na Europa; com isso, logo percebemos como a iminência do fim da guerra parece tornar as coisas ainda piores para aqueles que continuam a lutar nela e não têm outra alternativa. Não é tão fácil encarar a morte no fim de uma guerra como quando se está no começo. Toda a fúria da guerra já está tão entranhada em seus combatentes que pouco resta para o luto ou a humanidade. Tudo o que há é o desejo incontrolável de chegar ao fim, de uma forma ou de outra. Isso nos é mostrado logo no início do filme, quando somos levados a um “cemitério” de tanques e encontramos quatro homens ainda vivos dentro de um deles, junto ao corpo de um companheiro morto recentemente. Eles estão machucados, sujos, física e mentalmente esgotados, e sua melhor reação à morte do companheiro é brigar uns com os outros. Eles são o retrato de homens brutalizados pela guerra. Eles não se tornaram homens melhores pelo combate. Eles se tornaram muito piores. Não há essa visão de “boa luta”.
Corações de Ferro aborda a guerra sob um aspecto muito mais psicológico. Quando o quinto membro morto (um dos melhores artilheiros do exército) é substituído por um garoto com cerca de 20 anos, sem experiência de vida ou de combate, os homens se revoltam. Eles o consideram um perigo, uma vez que teriam um novato para protegê-los em uma luta. Mas esse não é o maior problema. A grande questão é que eles não estão mais acostumados com a forma inocente de enxergar o mundo do garoto, e incomoda que ele seja (o tempo todo) uma lembrança da humanidade que perderam. Por isso eles o tratam com crueldade, não para torná-lo uma pessoa mais forte, e sim para entender o porquê de sua fé na vida em meio a uma guerra tão violenta.
Um grande filme nos permite saber que estamos em boas mãos desde o início. Mesmo quando assume alguns contornos de um filme de guerra convencional, Ayer mantém o filme em rédea firme, com sequências de batalha eficientes, tão minuciosas quanto brutais, complementadas por imagens dos arredores do cenário, que vistas em segundo plano, fortalecem a sensação inabalável de estarmos em um mundo de destruição cinzenta e constante derramamento de sangue; isso tudo ao mesmo tempo em que se mostra como uma declaração contra a guerra. Enquanto o tanque liderado pelo homem conhecido como Don (Brad Pitt) atravessa o campo de batalha, vemos animais separados do rebanho, cidades e veículos incendiados, uniformes esquecidos na lama, bulldozers empurrando corpos para uma vala, entre outras coisas.
Ao longo do caminho, acompanhamos (como contraponto) o ponto de vista do jovem recruta, Norman (Logan Lerman), que é jogado no front sob a tutela de Don, que apesar de carismático, precisa do fervor da guerra ao seu lado para manter a si mesmo e aos seus homens vivos. Em sua primeira cena, Norman é obrigado a procurar um balde para limpar a sujeira dentro do tanque após a morte do antigo artilheiro, e durante a limpeza, ele encontra a pele arrancada de um rosto e um globo ocular. São essas imagens fortes que compõem o clima de ferocidade suja do filme, e tudo é mostrado de forma contida, com cortes na edição que oferecem um vislumbre do horror por apenas alguns segundos, sem expor excessivamente as imagens, e por isso mesmo, fortalecendo ainda mais a mensagem. Os homens que passam por esse cenário desolador em seu monstro de ferro já estão tão habituados àquela realidade que não param tanto tempo para observá-la. Eles apenas seguem adiante, e a câmera junto com eles.
“Os ideais são pacíficos, a história é violenta”, é o que Don diz para Norman quando o recruta testemunha, horrorizado, as verdadeiras consequências da guerra. Uma frase perfeita para o filme, que nos faz sentir, cheirar, mastigar cada cena, e ainda consegue nos oferecer uma dessas cenas perfeitas que facilmente entram para o rol de momentos memoráveis do cinema.
A cena acontece quando o Don e Norman entram em uma casa ocupada por duas mulheres alemãs, Irma (Anamaria Marinca) e Emma (Alicia von Rittberg), em um momento de calmaria, logo após uma vitória contra alguns inimigos remanescentes. Com essa sequência, somos apresentados a outros aspectos mais delicados de uma guerra: espólios e direitos dos vencedores. Não só isso, Ayer aproveita esse momento para nos mostrar que seus protagonistas não são heróis, mesmo que sejam os vencedores. Ele cria a cena com tamanha precisão e complexidade que somos consumidos pela atuação excepcional de Brad Pitt em momentos perturbadores de silêncio, enquanto somos arrebatados pelas emoções conflitantes envolvidas na situação. A guerra inflige danos drásticos na alma, é o que ele quer nos passar. E o mais impressionante é que ele não cede a impulsos sentimentais para isso, por mais que nós queiramos ver um pouco de sentimentalismo em meio a toda aquela desolação. Ayer em momento algum esquece que a guerra é travada por pessoas reais, e que é o drama dessas pessoas (chafurdadas em sangue e miséria) que estamos testemunhando.